Wednesday, November 18, 2009

O real propósito do budismo

Peço licensa para comentar um tópico que li recentemente sobre o real propósito do budismo.

No ocidente em primeiro lugar propagaram-se ensinos do Budismo Zen, práticas de meditações realizadas por artistas ficaram conhecidas e trouxeram uma impressão distorcida desta prática. Alguns acreditam que o budismo é uma filosofia que busca uma paz interior, que não é uma religião, algo distante da realidade diária.

Muito pelo contrário o budismo é uma religião prática para ser aplicada e ter efeitos no dia-a-dia.

Encontramos este ensino no Budismo Nitiren, que eu pratico a 23 anos.

Transcrevo abaixo trecho da explanação feita por Daisaku Ikeda, presidente da SGI, do Escrito de Nitiren, Abertura dos Olhos:

O real problema inerente a isso tudo, obviamente, são as idéias distorcidas que existiam na sociedade sobre o budismo. As pessoas, em geral, viam o budismo como um ensino que aspirava atingir um estado de total paz interior, conhecido o nirvana. Isso alimentou uma tendencia ao escapismo do mundo real, tornando-se comum que os praticantes budistas se isolasse em retiros ou nas montanhas. Essa filosofia incitava as pessoas a almejar uma utopia ou um paraiso afastado deste mundo de sofrimento. Enquanto permanecessem apegadas a essas visões, não conseguiriam reconhecer o espírito, a essência da prática budista.

O budismo genuíno não anseia por uma utopia em algum reino imaginário. Ao contrário, é uma filosofia que busca transformar a realidade e que aspira à construção de um mundo ideal, aqui mesmo, neste conturbado mundo saha. O foco do budismo é despertar as pessoas para seu poder inato, capacitando-as a desenvolver a força espiritual para superar quaisquer tempestades que venha encontrar no cotidiano.

A essência do budismo, em certo sentido, não está na busca de uma vida plácida como um lago de águas paradas, mas no estabelecimentode um um estado de vida tão sólido e vasto, impossível de ser destruído mesmo pelas ondas mais bravias. Embora almejemos um felicidade modesta, uma situação em nada de mal ocorra, é impossível evitarmos ser golpeados pelos ventos e pelas ondas tempestuosas. Na realidade, as pessoas somente podem assegurar a própria felicidade cultivando sua força interior para avançar intrepidamente, através do turbilhão da escuridão fundamental e do carma. Nesse sentido, a felicidade somente é encontrada em meio à luta.

Construir uma felicidade genuína para si e para os os demais implica, necessariamente, combater as ideologias errôneas e as crenças distorcidas que submetem as pessoas ao sofrimento.

Explanação Abertura dos Olhos, Daisaku Ikeda, tradução Elizabeth Miyashiro, pag. 272

1 comment:

Paulo Rideaki said...

Relevante postagem para que todos possam ter a noção ´do que é ser um budista!
Acredito que todos que o leram, agora tem uma noção se não profunda pelo menos real do que é ser um buda!
Parabéns, Luciano!